terça-feira, 4 de janeiro de 2011

final feliz


Eu finalmente havia conseguido arrumar um emprego na minha área, depois de dois anos e meio procurando um. Eu havia sido uma aluna mediana, mas atualmente empregos não eram a coisa mais fácil de se conseguir. Estava ansiosa para começar logo, e esperava que tudo desse certo. Que chegasse na hora, que o meu chefe gostasse de mim e do meu desempenho.
O que aconteceu, infelizmente, foi o contrário. Pra começar, eu acordei vinte minutos atrasada, e por isso tive que ir tomando café-da-manhã no caminho, assim teria tempo pelo menos de me arrumar, afinal, a primeira impressão é a que fica. Vesti minha melhor roupa, mas a chuva lá fora me deixou enxarcada e meu penteado desarrumado. A minha sorte é que tinha um táxi parado no sinal, em frente a mim. Abri a porta, sentei, e disse ao motorista o endereço. O homem olhou para mim, e não se moveu.
-Moço, rápido, eu estou com pressa. Muita pressa. - Repeti o endereço, mas ele não andava. Só o que ele fazia era olhar com os olhos espantados para mim.
Foi ai que me dei conta de que o carro não tinha taxímetro, ou seja, eu havia entrado em um carro amarelo, mas que não era um táxi. Com razão o moço havia perdido a fala e estava assustado. Saí do carro, e pedi desculpas.
Eu já estava atrasada, ainda tinha que conseguir chamar um táxi, minha roupa toda molhada, o cabelo bagunçado e um café na mão.
Ao chegar no escritório, uma mulher bem vestida pediu que eu a acompanhasse. Levou-me até uma sala, que parecia ser a do meu chefe.
- Ele já vem - disse ela, me deixando ali sozinha.
Começei a mexer em alguns porta-retratos que tinham ali, quando ele entrou.
-Lesly é seu nome, certo?
-Não, é Linda.
-Muito engraçada. Bom, Lesly, aqui em nossa empresa não permitimos atrasos, muito menos no primeiro dia. Não preciso nem dizer que está demitida né? Quer dizer, existe uma palavra que defina demitir alguém que não contratou ainda?
Ele saiu da sala, rindo como se tivesse feito uma piada das mais engraçadas. Sai da sala arrasada. Desci, e entrei em uma padaria para tomar algo, afinal, com toda a correria eu não tinha conseguido tomar um bom café-da-manhã.
Ao meu lado, no balcão, sentou um homem que falava ao celular.
-Eu sei, eu estou procurando alguém para o cargo, mas está difícil encontrar alguém com competência.
Quando ele desligou, virou para mim e ficou me encarando. É, de fato eu estava parecendo uma maluca. Cabelo em pé, molhada, com olheiras.
-Dia ruim?
-Péssimo. E o seu?
-Também. Não consigo arrumar alguém para trabalhar no escritório do meu chefe.
Converamos durante um tempo, e no dia seguinte eu teria novamente um primeiro dia, mas dessa vez, eu coloquei o alarme para duas horas antes, guarda-chuva perto da porta e deixei um táxi marcado.
É, o segundo primeiro dia teve um final feliz. E não só pra mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário