segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

para você

Sabe, eu amo muito você e você já disse que além de amizade não vê nada em mim. Mas isso não me traz raiva. Muito pelo contrário. Eu amo você, e esse sentimento nunca mudará. É por isso que eu desejo que nesse novo ano que está vindo, você seja feliz, mesmo que não ao meu lado. Além de saúde, paz, amor, alegrias, felicidade, coisas que todos sempre desejam, eu queria te desejar outras coisas. Queria que você corresse atrás dos seus sonhos. Nunca deixe que o medo de perder te impeça de jogar. Eu lembro de quando você queria demais ir numa festa. Ia ser a festa do ano. E por medo de receber um não, você não pediu para seus pais. Depois descobriu que aquela festa havia sido tudo que você julga como a festa perfeita. Ok, isso é uma coisa fútil, mas quero te mostrar que ás vezes o medo nos impede de fazer algo que realmente queremos. Sabe, além disso eu desejo que você lute e alcançe todos os seus objetivos. Bons resultados no vestibular, que o seu intercâmbio seja tudo que você espera, mesmo que eu vá ficar aqui, seis meses longe de você. Eu quero que você lute pela sua felicidade. Por fim, eu desejo, e isso é do fundo do meu coração, que você encontre alguém que ame, e assim possa dar a ela tudo que um dia eu sonhei receber de você. Espero que ela te dê tudo que eu ofereci pra você, mas você não quis. Eu quero que esse ano novo, seja inesquecível para você, porque você merece. É a pessoa mais incrível que eu conheço. Resumindo, eu quero que você seja feliz. Ao meu lado ou não.

(24ª edição cartas - Projeto Bloínquês - 2ºlugar - nota:9,83)

o tempo passa


E mais um natal se passou. Mas esse foi diferente. Eu fiquei ali, como em todas as outras noites especiais, na janela, a espera do bom velhinho, e ele sempre aparecia. Feliz, barbudo, com um saco de presentes. "Você foi uma boa menina esse ano?", me perguntava ele. Eu acenava com a cabeça. Um bigode de chocolate quente, um sorriso no rosto e um brilho indescritível nos olhos. Ele sorria também e sempre me entregava o que eu queria. O presente era especial, claro, mas a noite estava completava depois que eu o via. Depois que ele aparecia em minha janela. Mas naquela noite foi diferente. O bom velhinho não apareceu. Eu fiquei ali, sentada, esperando, mas ele não veio. O presente chegou, mas não foi ele que me deu. Não teve aquela pergunta de sempre. A noite sem ele não seria como as outras. Não seria uma noite de natal.
Acho que eu cresci e esqueceram de me avisar que o bom velhinho não existe.

fui promovida


E então, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente. Sentados ali, vendo aquele lindo espetáculo de luzes coloridas, que iluminamvam não só a minha última noite do ano, mas a primeira de um ano novo. Estávamos ali, sentados, nós dois, juntos. Tínhamos o costume de se beijar quando o relógio marcasse meia noite, e assim estivesse anunciando um novo ano. Ocorreu assim durante os três reveillons que passamos juntos, e ocorreria nesse também, mesmo sendo o nosso último. A gente se amava, e tínhamos diversos planos. Casar, morar juntos, construir uma família. Mas a vida exige que a gente siga caminhos diferentes. É inevitável. Por mais que eu o amasse mais que tudo nessa vida, eu não podia desperdiçar a oportunidade de jogar vôlei na Itália. Era algo irrecusável, assim como ele não podia desperdiçar a oportunidade de iniciar a carreira de fotógrafo pela qual ele tanto havia estudado e se dedicado. Ele insistia em ir comigo, mas tudo que ele havia conquistado estava aqui. Não podia ser egoísta. Principalmente com ele.

Resolvemos então que passaríamos o dia da virada juntos, e essa seria nossa despedida. A gente ia continuar namorando, mas com certeza não seria a mesma coisa. Eu tinha medo de que não desse certo. Tinha medo que ele encontrasse outra menina aqui, que se apaixonasse. Tinha muitos medos, mas já havíamos chorado, conversado, e tudo já estava decidido.

- Vamos esperar que seja um bom ano - ele disse ao meu ouvido, quando os fogos ocuparam todo o céu. Nos beijamos. E que beijo era aquele. Eu ficava louca. Era algo agressivo e carinhoso ao mesmo tempo. Suas mãos ao redor do meu cabelo e seus lábios encostando aos meus. Que momento mágico. Com certeza eu levaria aquele dia na memória, para o resto da minha vida. Apesar de estar feliz ali, naquela hora, o aperto no coração ia aumentando. Eu sabia que em poucas horas a gente teria que se despedir. Esperava eu que fosse um até logo, e não um adeus.

No primeiro dia do ano, estava eu, no aeroporto, quase desistindo de tudo. Eu não queria deixar ele pra trás. Ele havia sido a melhor coisa que acontecera em minha vida. Eu o amava de uma forma que nunca havia amado ninguém antes.

- Vôo 157, última chamada.

Era o meu. Nos abraçamos, e pedi que ele me esperasse.

-Com certeza. Eu estarei aqui, todo pra você. Eu te amo. Mande notícias.
E demos nosso último beijo antes de minha partida. Entrei no avião, tomei cinco comprimidos para dormir. Se eu estivesse acordada ao longo do vôo, pensaria nele, e choraria. Eu estava indo em busca do meu sonho, no futuro ficaríamos juntos. Não queria mais chorar.

Quando cheguei no aeroporto de Roma, vi ele. De costas, me esperando. Sai correndo, com lágrimas nos olhos. Era ele. Ele veio me buscar, ficar comigo. Não aguentou de saudades. Viveríamos aqui, juntos. Melhor surpresa impossível. Abracei ele com toda a minha força, e quando ele se virou... Não era ele. Pedi desculpas, e nem tive tempo de ficar com vergonha. A dor em meu peito era maior do que tudo naquele momento. Eu estava louca. Via ele em cada pessoa que passava por mim.

Segui para o hotel, e o time estava todo lá. Eu ainda estava sob o efeito dos comprimidos, e por isso pouco prestei atenção na apresentação que o técnico estava fazendo.

Os dias passaram, nos falávamos por cartas, emails, telefone. Mas não era igual. E eu sabia que não seria.

Começamos a treinar. Aqueles momentos dentro da quadra eram os únicos em que eu conseguia me concentrar em outra coisa. O campeonato começou, e fui levando a vida. Nosso contato foi diminuindo a cada dia, afinal, ambos estávamos muito ocupados.

O ano estava melhorando. Fui conhecendo gente nova, e estávamos indo muito bem no campeonato. Havia conquistado a vaga de titular no time, e tudo estava se encaixando, quando recebi um email dele, dizendo que queria terminar tudo. Ele se lamentava, mas dizia que era para o nosso bem. Nossas vidas estavam sendo formadas em outros lugares. Estavam seguindo caminhos diferentes. Não podíamos nos prender a alguém, que não sabíamos quando veríamos novamente, ele dizia. E ele estava certo. Por mais que não quisesse acreditar naquilo tudo, ele estava certo. Terminamos.

É, como ele havia me dito em minha despedida, o ano não estava de todo ruim. Nós havíamos optado por seguir e lutar pelo nosso sonho profissional, e nós dois estávamos alcançando nossos objetivos. Não um ao lado do outro, mas estávamos conseguindo. É, a vida é assim mesmo. E agora eu entendia o famoso ditado que todos me diziam: quando sua vida social estiver uma fumaça é porque será promovido.

(47ª edição conto/história : 3º lugar - nota 9,05, 49ª edição visual e 49ª edição musical: 6º lugar - Nota 9,5- Projeto Bloínquês)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

noite especial


Havia me casado fazia três anos, e sempre eu e minha maravilhosa esposa fazíamos planos para termos filhos. Queríamos três. Todo esse sonho foi por água abaixo quando eu sofri um acidente de carro. Depois daquele dia, eu passaria o resto da minha vida sentado naquela cadeira de rodas. A minha mulher, incrível como sempre, permaneceu ao meu lado, mesmo que agora nossa vida estivesse limitada. É, de fato nossos sonhos tinham sido derrotados.
Até que o natal estava se aproximando, e então eu tive a ideia de lhe dar um presente, acho que talvez o mais inesquecível, e com certeza o mais valioso de todos. Inscrevi-me na lista de adoção, e pedi para que fosse uma menina, já que este era o desejo dela. Tive a feliz notícia, na véspera de natal, que eu havia conseguido. Cheguei em casa, no dia da ceia, com uma criança na mão.

- Quem é essa menina linda? - pergunto
u ela, com uma lágrima escorrendo pela sua face de porcelana. Com certeza eram lágrimas de tristeza. Tristeza por eu não conseguir dar a ela o que ela sempre quis. Mas ela estava enganada, e estava prestes a tornar aquelas lágrimas de tristeza, em lágrimas de alegria.
- É a nossa filha. Mery.

Eu estava certo. Ela se ajoelhou ao meu lado, e me abraçou. Pegou Mery no colo, e a abraçou. Forte e carinhosamente.

- Nossa filha... - ela disse, com o sorriso pelo qual eu havia me apaixonado em seu rosto.
Após aquela especial noite, começamos a comemorar todo o natal em casa, nós três juntos. Havia se tornado tradição enfeitar a casa, e colocar no centro da sala uma bela e imensa árvore de natal, que simbolizava aquele dia tão especial, em que a nossa família estava apenas começando a se formar.

(9ª edição roteiro - Projeto Bloínquês - 1º lugar: nota 9,83)

o dia


Desde pequena eu sonhava com o dia do meu casamento. Imaginava a minha entrada, com o vestido dos sonhos, jóias lindas e meu cabelo maravilhoso. O buquê seria com rosas brancas, as minhas favoritas. Todos os meus amigos, a minha família e a família dele estariam ali, nos olhando, se emocionando, se encantando. Ele seria o amor da minha vida, o pai dos meus filhos, o avô dos meus netos. Ele seria o homem com o qual e sempre havia sonhado. E esse dia finalmente chegou. Eu estava lá, na limousine, seguindo para o casamento. Antes daquele momento, eu havia passado horas no salão. Fiz o cabelo, pintei as unhas, fiquei na banheira. Fiz massagem e hidratação. Tive o dia de princesa, quer dizer, o dia de noiva, que não deixa de ser como o de uma princesa. O nervosismo aumentava a cada hora que passava. E finalmente aquele momento tinha chegado. A limousine chegou em frente ao salão, mas eu não consegui deixá-la. O motorista abriu a porta e eu permaneci ali dentro. Será que eu estava fazendo a coisa certa? Será que estávamos nos precipitando? Meu pai deixou o carro, e estendeu-me sua mão, para me tirar dali. Após um instante, segurei-a firme, e levantei, ainda indecisa, preocupada, com medo. Ele disse-me: "Tudo vai dar certo", e beijou minha testa.
Quando a porta do salão se abriu, eu vi todos me olhando. Inclusive ele, e ao ver aquele sorriso em seu rosto, eu tive certeza de que estava fazendo a coisa certa.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ansiedade


Finalmente eu ia fazer os meus tão sonhados dezoito anos. Estava contando os dias para que meu aniversário chegasse. Presentes, festa, comemorações. Todo ano meus pais acordavam-me cantando parabéns e carregando ou uma cesta de café-da-manhã, ou um bolo escrito parabéns. Depois de acordar assim, almoçava com a família e jantava com os amigos. Ou ao contrário. Não importava. O que importava era ter as pessoas que amo perto de mim no dia mais especial do ano. O de dezoito seria mais especial ainda, afinal, todos dizem que é a melhor idade. Mas nesse ano foi diferente.
Acordei e desci para o quarto dos meus pais. Eles não estavam em casa. Nem eles, nem meus irmão. Imaginei que eles haviam saido para comprar um bolo, mas depois três horas de espera, sentada sozinha na cozinha, eles chegaram. Sem nada nas mãos.

-Ah, filha, fomos até a casa da sua avó. Você estava dormindo, preferi não acordá-la. Bom dia!
Foi só isso que minha mãe disse. Meus irmãos e meus pais também passaram direto por mim. Não podia ser. Eles estavam agindo como se aquele dia fosse um dia qualquer, e não era.
Subi e me tranquei no quarto. Não queria ver ninguém. Não havia recebido nenhuma ligação. Nem da minha família, nem dos meus amigos. Como as pessoas que eu mais amava haviam esquecido dessa data tão especial, pelo menos para mim?
Resolvi não ficar trancada em casa. Não no dia do meu aniversário. Segui até a minha lanchonete favorita, e pedi um chocolate quente com chantilly.

-Por favor, a senhora poderia colocar uma vela sobre isso? - perguntei à garçonete. Ela colocou, e trouxe novamente a minha mesa. Cantei parabéns baixinho. Estava com vergonha. Triste. Desapontada. Apaguei as velas e pedi apenas uma coisa. Que isso tudo aquilo fosse um pesadelo. Mas meu pedido não se realizou. Cheguei em casa, e estavam todos realizando suas tarefas. Meus irmãos estudando, mamãe fazendo o almoço e papai mandava uns emails. Subi para o quarto e dormi. Não queria ver ninguém. Queria que aquele dia passasse logo. O dia que eu aguardei durante tanto tempo acabou sendo o pior dia da minha vida.

No dia seguinte acordei com todos eles ao meu redor. Uma cesta de café igual eu nunca tinha visto antes. Um bolo enorme e lindo. Balões e presentes. Eu não estava entendendo nada. O meu aniversário já tinha passado. Hoje já era dia 17 de fevereiro, e não 16. Recebi tudo aquilo com alegria, porém estava muito confusa. Pedi, depois dos parabéns, que me deixassem sozinha por um segundo. Corri até o calendário, para ver se eu estava pirando.
É, acho que a minha ansiedade era tanta que eu acabei marcando o meu próprio aniversário no dia errado. Era, de fato dia 16 de fevereiro. Naquele dia sim eu completava os meus dezoito anos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

o homem da minha vida


Ser teimosa às vezes é ruim. Mas nem sempre.
Eu tinha dezesseis anos quando estava na praia com minha família, e o mar estava meio agitado. As ondas eram grandes, estava com correnteza. Nada propício para um mergulho que passasse da borda. Mas eu só gostava de ir à praia para mergulhar. Não gostava de ficar naquele calor, na areia. Ao me ver levantando e indo em direção ao mar, mamãe disse para eu voltar e sentar. Disse que estava perigoso, que até os salva-vidas estavam dizendo que era melhor não entrar no mar. Mas, como sempre, eu fui teimosa, e continuei meu caminho.
Assim que a água tocou meus pés, tive vontade de virar-me e chamar a todos. A água estava maravilhosa. Combinando com aquele clima de verão. Nada seria mais gostoso do que dar um mergulho naquele mar. Nada. E era isso que eu pensava, até chegar no fundo, onde não conseguia mais alcançar o fundo com meus pés. As ondas, de fato estavam maiores do que o normal, e a água me levava para longe, mas nada que uma boa natação não resolvesse. Resolvi então fechar os olhos e boiar. Péssima ideia.
Acordei na areia, sendo socorrida por um salva-vidas que apertava meu peito. Abri os olhos devagar, e minha família estava toda ao meu redor. Quando acordei, só o que consegui escutar foram berros. Acho que era minha mãe comemorando que eu não havia morrido. O homem que salvou minha vida pediu então que as pessoas se afastassem e aos poucos me ajudou a levantar. Acho que ele era médico, afinal, tinha umas mãos delicadas, que haviam evitado a minha morte. Deu-me seu telefone, e disse que qualquer coisa eu podia ligar. É, eu estava certa, ele era médico.

Depois daquele dia minha mãe pediu que eu não saisse de casa até que estivesse totalmente curada. Já que não podia sair de casa e não tinha muito o que fazer, liguei algumas vezes para ele, para agradecer, e acabou que ficamos amigos, e mais tarde ele convidou-me para ir ao seu escritório, para verificar como estava minha saúde. A consulta foi estendida até sua casa, onde passei a noite mais incrível da minha vida. Hoje, estamos casados.

Desde aquele dia, sempre que minha mãe manda eu levar um casaco quando saio, eu levo, sem contestar.

pelo menos ali


Não aguentava mais. Todos me criticavam por eu ser diferente. Desde pequeno meus pais me educaram muito bem. Ensinaram-me que beber e fumar fazia mal, e por isso, nunca o fiz. Ensinaram-me a ter respeito pelos outros, por mais que não os conheça, e isso eu sempre tive. Ensinaram-me a não ter preconceito. A pedir por favor. A dizer obrigado. Mas amar, ninguém ensina. Isso é algo que se aprende ao longo da vida, sozinho. Só se aprende amando. Sentindo aquela maravilhosa sensação que é estar ao lado da pessoa amada. Receber um beijo, um abraço dela. Olhar para ela, mesmo que ela esteja dormindo. A gente não escolhe por quem vai se apaixonar, e eu acabei me apaixonando pelo meu melhor amigo. No início, preferimos viver um romance escondido, com medo. Não do preconceito que enfrentaríamos, afinal sabíamos que esse tipo de sentimento vem de pessoas ignorantes, mas de não saber reagir a ele. Enfim, depois de muito tempo juntos, eu cansei. Cansei de ter que ver ele por poucas horas, só para que ninguém descobrisse a gente. Cansei de não poder chamar ele de amor na frente dos outros. Amar é um sentimento maravilhoso, e não é porque amamos alguém de mesmo sexo que não devemos demonstrar e aproveitar. Resolvemos então começar contando aos nossos pais, afinal, acreditávamos que eles nos apoiariam. Estávamos enganados. Quer dizer, em parte. Os pais deles aceitaram na boa, nos incentivaram. Disseram que o que importava era ver o filho deles feliz. Assim, criei mais confiança para contar aos meus. Mas de nada adiantou. Eles não acreditaram, acharam que era algum tipo de brincadeira. Disse que aquilo era um absurdo, que homem foi feito para amar mulher. Queriam me proibir de o ver. Eu não conseguia escutar aquilo sem chorar. Não eram lágrimas de tristeza, e sim de raiva. Como alguém pode tentar estragar um amor só porque ele não é da forma que a sociedade estabeleceu como padrão? Comecei a ficar mais distante da minha família, já que o ódio estava tomando conta de mim. Numa tarde minha mãe entrou em meu quarto para conversar comigo.
- Filho, entende. Foi uma surpresa para nós. Não era isso que a gente esperava... Você podia tentar ter um relacionamento com uma menina né? Sempre gostou disso. A Ju, ela te adora. A Fernanda tamb
ém...
-Mãe!
Você nunca mudará o que aconteceu! Eu amo ele, eu quero namorar ele, é com ele que quero viver. Vocês aceitando isso ou não.
Ela saiu do quarto, com lágrimas nos olhos.

Para mim já havia chegado no limite. Eu queria viver com ele, e em casa isso não seria possível. Então, naquela mesma tarde, resolvi sair de casa, sem que meus pais vissem. Subi para o porão e fugi pela
janela. Desci o telhado, tentando não fazer barulho. Peguei um ônibus e fui para a casa dele. Seus pais me receberam super bem, e conversaram comigo. Tentaram fazer eu entender meus pais, mas nada que ninguém me falasse iria me fazer aceitar a insatisfação deles. Corri para o quarto dele, e o abracei e beijei muito. Finalmente poderíamos se amar sem receber críticas, sem sermos impedidos. Pelo menos ali, naquele quarto, naquela casa isso seria possível.
Essa hora meus pais devem estar percebendo que não estou em casa, mas é tarde demais para eu perdoar eles e volta
r. Assim que der, trago minhas coisas para cá, para viver com ele, com a pessoa que eu amo.
(48ª edição musical e 48ª edição visual - Projeto Bloínquês)
(3º lugar: edição musical - nota 9,83 - Criatividade: 10 Ortografia: 9,6 Tema: 9,9)

para

Mãe,
acho que nunca consegui te dizer exatamente o que eu sinto por você, o quanto eu te admiro, e o quanto você é especial para mim. Por mais que a gente brigue, e ás vezes você ache que eu não goste de você, o meu sentimento por você é imenso. Sabe mãe, acho que não tenho muito o que dizer, afinal nenhuma palavra se compara ao que eu sinto. Só o que eu queria que você soubesse é que quando crescer quero ser igual a você. Todos os nãos que você me deu eu vou dar aos meus filhos. Todas às vezes que não deixou eu sair, que não deixou eu comer doce, que disse para eu levar casaco. Tudo. Eu quero ser como você foi para mim, a pessoa mais incrível do universo. Eu quero que meus filhos se orgulhem de mim assim como eu me orgulho de você.
Beijos da filha que te ama demais
(
23ª edição cartas: ao meu ídolo - Projeto Bloínques)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

.

Às vezes na vida tomamos decisões erradas, mas com certeza quando a tomamos achávamos que estávamos fazendo a coisa certa. Durante um tempo me senti bem com a decisão que estava tomando, mas depois veio o arrependimento. A vontade de voltar atrás e fazer diferente. A vontade de chorar, a vontade de não ter feito o que fiz. Mas erros são normais na vida, o importante é errar tentando acertar, como eu fiz. Agora, o que me resta é tentar lutar para reparar o erro, e é isso que eu farei. Não ficarei parada. Não descansarei até alguém me provar que não há mais chances.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

se for um sonho

Fazia três meses que havíamos descoberto a minha doença. Era algo raro, nem me lembro direito o nome. Só me lembro que tive que ficar no hospital durante muito tempo. Era algo entediante, já que só o que eu tinha para fazer era ver televisão, ouvir rádio, ler jornal e fazer minha revistinha de palavras cruzadas. Havia tempos que não via meus amigos, que não jogava bola, que não pulava corda. Estava começando a entrar em depressão, achava que ninguém gostava de mim, afinal não recebia nenhuma visita. Mais tarde fui descobrir que era proibido, mas que todos os meus amigos sempre ligavam para o hospital para saber o meu estado. Alguns ficavam ali na porta, sentados, só para receber alguma notícia sobre o grau da minha doença, para saber se eu conseguiria sobreviver. Enfim, o que aconteceu foi que minha mãe chegou para mim, um mês após a minha longa estadia naquele quarto branco e depressivo, e disse que a doença estava piorando, que só se acontecesse um milagre eu conseguiria ficar viva sem sequelas. Por mais que ela estivesse contando-me isso da maneira mais carinhosa, mais gentil possível, suas palavras rasgaram meu peito. Berrei, chorei, e quase me matei, afinal, só estaria antecipando a minha morte.

Troquei de quarto, e passei por diversar cirurgias logo após a minha tentativa de suicídio. Fiquei no soro durante muito tempo, já que me recusava a ingerir qualquer tipo de alimento sólido ou líquido. Eu não queria mais dar trabalho para ninguém, não queria que as pessoas tivessem pena de mim. Eu queria morrer.

Até que mais um mês se passou, e minha mãe entrou no quarto novamente, com a mesma expressão de sempre. Para mim, ela estava vindo se despedir, eu iria morrer, a doença havia tomado conta de mim. Ao invés disso, ela disse:"Filha, você está curada!". O sorriso em seus lábios tocou meu coração, mas eu não conseguia acreditar. "Tive uma conversa com o doutor, e ele me contou.", disse ela, com a expressão feliz, porém exausta, afinal, ela não saíra do meu lado nenhum minuto. "Você tem certeza que foi real? Pode ter sido apenas um sonho. Mãe, o doutor disse isso mesmo? Eu vou poder sair desse quarto, jogar bola, viver novamente?". Ficamos ali, juntas, comemorando, até que finalmente eu acordei. Tudo não havia passado de um sonho meu. É, não tinha jeito, eu iria morrer.

Na manhã seguinte eu já estava preparando em minha mente todo o discurso que iria dizer pra minha mãe, me despedindo, agradecendo. De repente, uma grande batida na porta me tirou de meus pensamentos. Entraram todos os meus amigos com balões, balas, bolos, chocolates. Todos eles comemoravam, e em seguida entrou o médico com minha mãe. Eles me disseram que eu estava curada, e que em poucos dias eu poderia voltar pra casa. A minha felicidade foi imensa, não tenho nem palavras para explicá-la.

Hoje, já mais velha, trabalhando como médica nesse hospital, curando pessoas que acreditavam que a vida estava no fim, assim com um dia eu acreditei, continuo sem saber se estou vivendo num sonho, ou na minha própria vida real. Se me curei de fato, ou se a qualquer momento vou acordar naquela cama de hospital. Eu continuo sem saber, mas vou vivendo. Se for um sonho, que seja o mais belo de todos antes de minha morte.

(45ª edição conto/história- Projeto Bloínquês - 2º lugar: – 9,16)

domingo, 12 de dezembro de 2010

conforme o prometido


Eu e minha irmã sempre fomos muito unidas. Sempre fomos muito próximas, já que temos o mesmo grupo de amigos, os mesmos programas, estudamos na mesma escola. Minha irmã é a pessoa em quem eu mais confio e a pessoa que mais amo nesse mundo. Quando acontece alguma coisa comigo, ela é a primeira que eu tenho vontade de dizer. Aliás, ela é quem eu mais desejo que esteja ao meu lado em todos os momentos.
Por sermos gêmeas, gostamos de fazer aqueles tipos de brincadeiras que só nós, gêmeos, podemos fazer. Já fiz prova pra ela, quando ela não sabia nada da matéria. Ela já levou advertência em meu lugar, quando eu levaria uma suspensão e meses de castigo se ela não tivesse feito isso por mim. Enfim, sempre que aparece uma oportunidade, nós gostamos de ajudar uma a outra, ou apenas fazemos para brincar. A única coisa que ainda não havíamos feito foi enganar o namorado da outra, afinal, nunca namoramos até alguns meses atrás.
Em Maio desse ano, minha irmã começou a namorar, e nossos amigos sempre insistiram muito para que a gente tentasse enganar seu namorado. Eu nunca fui muito à favor, mas certo dia ela resolveu topar e eu entrei na brincadeira também. Passamos uma tarde super romântica juntos, e claro, dando muitos beijos e carinho um ao outro. No dia seguinte contamos tudo a ele, e a minha irmã e ele riram demais. Ele, em nenhum momento desconfiou de nada. Todos adoraram, riram, se divertiram, menos eu. Para mim, aquilo foi além de uma simples brincadeira. Eu havia me apaixonado. Por mais que tivesse sido rápido demais, eu não tinha culpa porque a gente nunca sabe de quem vai gostar. Eu me vi no fundo do poço, afinal, a minha melhor amiga, aquela que eu queria ir correndo e explicar a situação, chorar em seus ombros, pedir um abraço, era a minha própria irmã. Eu estava perdida.
Depois de dois meses guardando a dor só pra mim, eu não suportei mais. Aluguei um quarto num bairro pobre, afinal era o único lugar que conseguia pagar com a minha mesada. Antes de sair de casa escrevi-lhe uma carta, explicando o porque de eu ter saido de casa assim, de repente e escondido de todo mundo e pedi que ela não contasse a ninguém onde eu estava, e a deixei em cima de sua cama.
Na manhã seguinte, no quarto alugado, acordei com a campainha tocando. Era ela. "Terminei com ele", ela disse. Eu insisti que ela fosse corrigir aquele terrível erro que havia cometido. Insisti que fosse atrás dele, afinal, ela o amava. "Eu não amo ninguém mais do que eu amo você. Agora vamos ficar aqui juntas, chorando por ele. Tristes, mas juntas, conforme eu te prometi que estaremos para sempre", disse ela em lágrimas. Eu não tinha nem palavras para dizer. Nos abraçamos e passamos o resto do dia ali, chorando, mas juntas.
(47ª edição musical - projeto bloínquês - 2º lugar - nota:9,9)

o amor realmente é cego


Sempre estive de olho naquela menina, que havia me encantado apenas com seu sorriso meigo e seus olhos brilhantes. Ela não era aquele tipo que gostava de chamar a atenção, e acho que isso só fez aumentar o que eu sentia por ela. O sentimento era uma mistura de desejo, amor, paixão. Era algo que a cada dia que passava mais aumentava, mas tinha que guardá-lo para mim. A minha vontade era de berrar para todo o mundo, berrar para ela, mas como, se a gente nem se falava? Como, se nem meu nome ela sabia?
Início de ano, tive a melhor notícia que poderia ter tido no primeiro dia de aula. Seria da turma dela. Ao longo do ano começou a surgir uma amizade entre nós, e algo forte foi se formando. Meu medo é que ela me visse apenas como um amigo para sempre, mas mais próximo dela, seria mais fácil tentar algo. O ano foi passando, e resolvi que não podia mais esperar. No dia dos namorado, fui até a sua casa com um buquê de rosas amarelas, suas favoritas, uma caixa de bombom com recheio de avelã, seus prediletos, e com uma música que eu havia escrito. Tudo que ela sempre me dizia que tinha o sonho de receber. Tudo que ela dizia que a faria ficar encantada por alguém, caso este lhe fizesse o que eu estava indo fazer. Toquei a campainha, e ela abriu a porta. Cantei a música, lhe entreguei os presentes e fiz a famosa pergunta: "quer namorar comigo?". Ela ficou ali, parada, sem reação, sem me dar uma resposta. Já estava virando as costas, quando ela me beijou. Que beijo. Que sensação. Que felicidade. Eu era o homem mais feliz do mundo.
Ficamos juntos um pouco, mas tive que ir embora. Mal conseguia manter os pés nos pedais da bicicleta, tamanha era a minha felicidade.
Infelizmente, aquela teoria de que o amor é cego estava certa. O meu coração batia tanto, o meu sorriso era tão grande, meus olhos brilhavam como estrelas, e eu não percebi que o sinal estava vermelho. Eu estava cego, e não vi aquele carro vindo em minha direção.
Hoje estou aqui, deitado nessa cama de hospital, rezando todos os dias para que eu consiga sair bem dessa, e que então, finalmente consiga viver a história de amor com a qual eu sempre sonhei. O que me dá forças para continuar a viver é acordar todos os dias nessa cama, abrir os olhos e ver o rosto do meu amor, que não saiu do meu lado por nenhum minuto.
(47ª edição visual - Projeto Bloínquês - 4o lugar - nota:9,5)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

primeiro ato


Estava me preparando para aquele momento havia tempos. Finalmente beijaria ele. Ele queria também, mas parece que estava fazendo algum tipo de jogo, de charme, não sei. Sempre que o beijo ia aocntecer, algo nos impedia. Dessa vez, tudo parecia perfeito. Parecia que tudo ia dar certo. Mas como sempre, eu parecia estar enganada. Quando sua boca estava se aproximando da minha, Joe veio na direção dele, com um pedaço de madeira em suas mãos. Seu olhar era de ódio, parecia que queria matar ele. Eu não tinha culpa de amá-lo. Sei que Joe me queria assim como eu queria ele, mas eu não mandava em meu coração. Eu não ia deixar Joe estragar tudo.
Aquela festa à fantasia estava sendo preparada por nós, desde o ínicio do ano, e eu sabia que seria ali. Nada me impediria de beijá-lo. Nem mesmo nosso amigo, que dizia ter anormalidade, que dizia que era bom a gente não mexer com ele. Eu poderia morrer com aquele pedaço de madeira enfiado em mim, mas antes, beijaria o amor da minha vida.

As cortinas se fecharam, e não parava de ouvir aplausos. Fim do primeiro ato.
Atrás da cortina, todos nos abraçávamos, pois não imaginávamos que a recepção do público seria tão boa. Fomos ao camarim nos trocar, retocar a maquiagem, o cabelo. A peça tinha que continuar.
(46ª edição visual - Projeto Bloínquês - 2o lugar - Nota: 9.7)

ponto final

Os momentos que passamos juntos foram incríveis. Você me fazia feliz como ninguém mais sabia fazer. Quando te via eu sentia um frio na barriga, e a cada passo que você dava em direção a mim, mais meu coração acelerava. Até que você me alcançava, me abraçava, e encostava seus lábios nos meus. Parecia, aí, que não tinha nada ao nosso redor. O mundo parava e só o que importava era aquele momento, aquele beijo. Eu amava você, e você sabia disso. Eu não cansava de repetir, afinal tinha medo que você esquecesse. Tinha um medo maior ainda de te perder.
Hoje as coisas mudaram. Meu sentimento mudou, mas você ainda não sabe. Você continua me mandando mensagens amorosas, dando presentes, jantares românticos, mas não estou conseguindo corresponder esse sentimento. Eu não sei o que aconteceu, achei que o amor que sentia por você era imortal, mas eu estava enganada. Estou há dias pensando em como te dizer isso, mnas nenhuma ideia surge em minha mente.
Resolvi então que não poderia estender mais do que eu já havia feito. Deitei em minha cama, e não sairia dali até decidir como colocar o nosso ponto final. Deitei à noite. É quase de manhã e ainda não dormi. Não consigo pensar em uma maneira que não te faça sofrer. Eu não posso te fazer sofrer, não depois de tudo que passamos juntos. Alongando esse fim, eu realmente estou te fazendo sofrer. Sem você perceber. Estou te iludindo mais e mais, a cada dia que passa. Chega. Não posso mais.
Fui até sua casa, sem ter dormido nenhum segundo. Disse que precisávamos conversar. Acho que pelo meu tom ele entendeu tudo. Subimos para o seu quarto e ali, tivemos a pior conversa que eu já tive em toda minha vida. Sua lágrimas eram como cortes em meu coração. Eu ainda o amava, mas não da mesma maneira. Disse então tudo que estava sentindo. Ele, mesmo triste, insatisfeito com minha decisão, entendeu. Levou-me até a porta, e ali, demos nosso último beijo. O beijo do qual eu nunca vou me esquecer. Quando estava caminhando para o táxi, ele me chamou e disse "Eu estarei aqui, te esperando, pra quando você quiser transformar esse ponto final em uma vírgula. Eu te amo.". Virei as costas, e comecei a chorar. Apesar de eu o amar, sabia que estava fazendo a coisa certa. Quem sabe um dia o sentimento voltasse e, como ele disse, transformaríamos esse ponto em uma vírgula?
(46ª edição musical - Projeto Bloínquês - 4o lugar - Nota: 9,76)

domingo, 5 de dezembro de 2010

para Jenny

Aguardo todos os dias que a noite chegue. Adoro quando deitamos juntos em sua cama macia. Adoro quando seus cabelos sedosos e cheirosos se entrelaçam em mim. Adoro quando você me abraça, com seus braços macios. Adoro passar a noite toda ao seu lado, ouvindo sua respiração. Seus berros de medo, quando tem pesadelo. Seus risos de alegria, quando os sonhos são bons. Adoro ver você mexendo os pés como se estivesse sonhando com uma escada. Adoro quando acorda com medo, olha para mim e me abraça, como se eu fosse a solução de tudo. É, eu adoro passar a noite toda ao seu lado. Acho que nunca tinha falado isso tudo para você, mas estava na hora. Milhões de beijos, do seu travesseiro.

(21ª EDIÇÃO CARTAS - Projeto Bloínquês - Tema: LIVRE - I'm not good enough - nota 9,8 Criatividade: 10 Ortografia: 9,7 Conteúdo: 9,6 - 4o lugar)

poesia

Todo dia quando acordo
não sei em que mundo estou
se estou no mundo real
ou no mundo dos sonhos, surreal.

Nesse mundo sou corajosa
enfrento meus inimigos.
Luto por meu amor
mesmo que sinta dor.

No mundo real isso é mais difícil
Os medos parecem maiores.
tenho medo de levar um não
e machucar meu coração.

Mas nem sempre o sonho é bom
às vezes quero logo acordar.
Abrir os olhos para a vida
e preparar-me para a próxima dormida.

É o sonho que torna a noite interessante
ele a transforma em algo mágico.
Por mais que não seja o melhor sonho,
o próximo será, eu suponho.

(16ª Edição Poemas - Projeto Bloínquês - Tema: sonho (s) - Nota: 9,04)

aula de redação

A paixão da minha vida era Nicholas Sparks. Amava seus livros, a maneira como escrevia. Amava seu sorriso, que havia visto apenas uma vez, em uma noite de autógrafos. Amava sua simpatia, seu carisma. Todos os dias que passava por uma livraria, entrava, e perguntava ao atendente se tinha chegado algum livro novo dele, afinal, já possuia todos os outros.
Fazia parte de comunidades, fóruns, blogs. Tudo para me manter informada sobre lançamentos, filmes, livros. Eu era uma super fã.
Uma tarde, entrando em um dos blogs, vi que havia lançado seu novo livro. Peguei o telefone, correndo, e liguei para a livraria mais famosa da cidade. Nela, os lançamentos chegavam primeiro. Com a mão tremendo, escutei a atendente falando "Boa tarde, livraria Tudoten". Fazendo um esforço enorme pra não berrar de alegria, pedi que ela verificasse se aquele livro tinha chegado ali. Ela disse que sim, mas que já tinha vendido todos, e que por ser um lançamento especial, só havia chegado em algumas livrarias do país, e que só chegaria de novo mais pra frente.
- Como vocês, a livraria mais popular da cidade não tem esse livro? Como assim já acabou? Você pode por favor verificar no estoque?
-Minha senhora...
-Não to conseguindo acreditar!
-Por que você não liga de novo daqui a dois meses?
- Dois meses?! Ok, boa tarde. Obrigada.
Desliguei o telefone sem escutar a reposta da mulher. Peguei todo o dinheiro que tinha em meu bolso, e fui para o aeroporto. Eu não poderia ficar sem ler aquele livro. Não poderia deixar que todos lêssem antes de mim. Não, isso não podia acontecer. Consgeui pegar o vôo que ia para Carolina do Norte, estado em que o Nick vivia. Não liguei para meus pais, e tinha certeza que quando voltasse ficaria de castigo, mas pelo menos eu teria o livro em minhas mãos, e assim o castigo não seria tão ruim. Chegando lá, entreguei o endereço ao taxista e por causa de meu nervosismo acabei usando mais de mímicas do que do exelente inglês que sabia falar. Ao chegar, estava incrédula. A casa era enorme, e linda. Era numa vila calma, agradável. Caminhei até sua porta e bati. Ele abriu a porta. Eu fiquei sem reação. Sem palavras. Sem gestos. Ele perguntou quem eu era, e só o que consegui dizer foi que eu era sua fã número um. Vendo meu estado, convidou-me a entrar. Toda sua família estava sentada a mesa, almoçando. Almoçei com eles, e depois contei-lhes o porque que eu estava ali. Ele pareceu ficar encantado com a minha história, mas não entendi o porque, se retirou da mesa. Minutos depois, voltou com um exemplar do livro, em inglês. Autografou, tirou fotos comigo. Ele era incrível. Não seria qualquer um que colocaria uma fã louca dentro de casa.
Voltei ao aeroporto. Ele me deu carona. Eu estava nos Estados Unidos, indo para o aeroporto no carro no Nicholas Sparks. Não conseguia acreditar.
Fui lendo o livro durante todo o vôo. Terminei de ler o livro no meu castigo, afinal, eu havia desaparecido sem ao menos deixar um bilhete, e meus pais estavam desesperados atrás de mim. Quando cheguei em casa ficaram aliviados e felizes, mas por serem pais, não podiam de me deixar de castigo. Pouco me importei. Foi o melhor castigo da minha vida.
Meses depois, ele lançou outro livro, e este contava a minha história. Consgeui o primeiro exemplar da cidade, afinal, ele havia me mandado pelo correio. Não consgeuia acreditar em tudo aquilo que estava acontecendo. Só o que posso dizer é que toda a minha loucura valeu a pena. Agora eu não era apenas mais uma fã. Nicholas Sparks sabia da minha existência. Isso que imporatava.

A professora chamou-me até sua mesa, e disse que se emocionou com a minha redação. "O tema era a maior loucura que eu faria. Você escreveu uma das melhores redações que eu já li em toda a minha carreira. Meus parabéns."
Peguei a redação, que estava com um 100 escrito de vermelho, abracei-a, e voltei para a minha carteira. Estou até hoje pensando em todas as maneiras possíveis de tornar esse meu desejo, esse meu sonho, que transformei em redação, em realidade.
(44ª Edição conto/história - Projeto Bloínquês - 2º lugar - nota 9,21)

sábado, 4 de dezembro de 2010

não por obrigação


Eu nunca fui muito ligada a minha família. Sempre nas festas em que todos nós nos reuníamos, eu ficava em meu computador, no chat ou escrevendo. Quando meus primos, tios e avós saíam, eu sempre recusava, inventava uma festa, ou dizia que estava com sono e que queria dormir. Enfim, eu nunca dei muita bola para ninguém da minha família. Na minha cabeça, os membros da família saem e dizem que se amam apenas por serem do mesmo sangue. Por obrigação. Eu não conseguia ser falsa e fingir o mesmo. Eu pensava assim, até acontecer a tragédia que mudou minha vida e a minha forma de pensar.
A matriarca da família era minha bisa. Por já ter um pouco de idade, nem sempre ela estava falando muito, dançando, andando, mas sempre estava presente em todos os eventos, sempre com um sorriso no rosto. Ela adorava contar aos seus netos e bisnetos a história de sua vida, mas sempre que me chamava para perto eu colocava meu iPod. Ficava ali do lado, mas escutando minhas músicas. Não fazia ideia de onde ela tinha vindo, do
s seus amores, de suas escolas, de seus amigos. Não sabia nem o nome do meu biso, que falecera antes mesmo de minha mãe nascer.
Um dia eu acordei e vi minha mãe chorando muito no telefone. Fiquei ali, parada, em pé, em frente a ela. Aquela cena partiu meu coração. Minha mãe era uma pessoa muito alegre, eu nunca a tinha visto chorar. Não daquele jeito. Quando desligou o telefone, caminhou em minha direção, me deu um abraço e só o que consegui escutar foi "a bisa... ela se foi". Não sei o que me aconteceu, cai em lágrimas também. Não sei se foi porq
ue minha mãe estava chorando daquele jeito, ou pela morte da minha bisa. Não sei o que aconteceu, mas eu estava chorando. E chorando como nunca havia chorado antes.
Um mês depois daquele dia, fomos à casa dela, separar as coisas, empacotar, guardar. Sobre a mesa tinha uma caixa com um papel sobre ela onde estava escrito "Para Júlia. Espero que agora você se interesse por mim. Beijos, da sua bisa, que te ama
demais.". Mais lágrimas cairam de meus olhos. Abri a caixa, enquanto os outros iam entrando na casa. Queria ver sozinha o conteúdo. Estava assustada, afinal, eu era a bisneta que menos lhe davaatenção, e a única que havia recebido um presente.
Dentro da caixa havia um iPod novo. Mais moderno e rosa, minha cor preferida. Nele havia um bilhete escrito "Assim como você, eu também adorava música. Use-o em qualquer ocasião, menos quando alguém tiver querendo te contar algo. Pode ser algo interessan
te.". Além do iPod, com o qual fiquei muito feliz, havia um diário e nele havia uma dedicatória. "Para a minha bisneta querida, sei que na sua idade a família não é algo importante, mas espero que ao ler o meu diário você mude de opinião. Escrevia nele todos os dias, e sabia que meu dia estava chegando. Assim, preparei o embrulho e o deixei para você. Espero que goste. Milhões de beijos, da sua bisa que te ama tanto, mesmo longe.". Voltei para casa, dormi, e no dia seguinte fui para o parque ao lado da minha casa. Levei o diário, e comecei a ler. Cada palavra me trazia mais emoção. Minha bisa havia passado por guerras, havia lutado para conquistar o amor de sua vida, havia fundado ONG's, ajudado pobres, doentes. Minha bisa havia sido uma heroína, uma mulher de fibra, forte, um exemplo, e eu havia desperdiçado aquilo. Como eu havia recusado sair com ela, ouvir, da sua boca, a sua história maravilhosa? Ia todos os dias naquele mesmo parque, ler aquele diário, que mais parecia ser a biografia da mulher mais incível do mundo. Já havia lido aquele diário dezessete vezes, mas não me cansava de fazer aquilo. Ler suas palavras me levava pra mais perto dela. Me trazia para mais perto de minha família, que passei a valorizar mais.
Arrependo-me até hoje de não ter dado o devido valor que ela merecia, mas nunca é tarde para mudar. De fato eu nã
o tenho como tê-la de volta, mas tenho como repassar a sua história, repassar os seus valores e assim, distribuir um pouqinho dela para todos que estão ao meu redor, para toda a minha família, que eu tanto amo, não por obrigação.
Finalmente eu passei a entender o verdadeiro significado da palavra família e acho que era isso que minha bisa queria
, ao deixar o seu diário para mim.
(6ª edição roteiro projeto Bloínques - 1o lugar - nota 9,9 - Tema: 10 Ortografia: 9,7 Criatividade: 10)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

inimiga da perfeição


Estava em minha casa preparando um café e comendo uma torrada com mel e manteiga, quando aquele meu vizinho lindo, pelo qual sempre tive uma quedinha, aparece no meu portão. "Jess, Jess, vem cá!", disse ele. Pedi que esperasse um segundo, corri para o quarto, coloquei a primeira roupa que vi na minha frente e com as pernas bambas, fui até lá fora. Ele estava com um pote na mão, e algo pastoso dentro dele. Disse que estava fazendo curso de culinária, e que queria que eu provasse a primeira receita que ele havia executado. Disse que eu seria sua "provadora" oficial, afinal tinha um exelente gosto. Não entendi o que ele quis dizer com isso exatamente, mas corei. Disse que havia acabado de acordar, e que por isso meu paladar estava pouco "ativado", mas que mais tarde eu poderia ir até a sua casa. Ele então me convidou para ir jantar, naquela noite na casa dele. Parecia que algo estava errado, afinal ele nunca demostrou tanto afeto assim e naquela simples conversa ele estava com um sorriso deslumbrante do rosto. Concordei, e marcamos as 19h.
Quando entrei em casa, fui para o quarto, ver meu estado. Tinha saido tão depressa e surpresa, que nem pude me arrumar direito. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Havia um pedaço de t
orrada em meus dentes. Talvez por isso ele não tenha tirado aquele sorriso do rosto enquanto conversávamos...

(
1º lugar -nota 9,9- 10-9,7-10 - Criatividade, Ortografia, Tema)

poesia

Estou em frente ao espelho
e fico satisfeita ao me olhar.
Sou esperta e linda
todos devem me adorar.

Não preciso de ninguém
confio em minhas opiniões.
Sou independente
tomo minhas prórias decisões.

Se penso que o que faço está errado,
porque faria aquilo?
Sempre faço tudo que é certo
nunca dou nenhum vacilo.

Não me importo com o que os outros pensam
gosto que tudo seja do meu jeito.
As pessoas devem girar ao meu redor,
e me devem respeito.

Alguns chamam isso de egocentrismo
eu chamaria de valorização.
Não culpo ninguém por não possuir
essa própria admiração.

Gosto do que sou
por isso não vou mudar.
Gosto da minha personalidade,
esta eu nunca irei trocar!

(2º Lugar - 15a edição poemas projeto Bloínquês- Nota: 9,56)

sorte

(eu quero)

no futuro


-Mãe, posso ir numa festa amanhã?
-Com quem minha filha? Onde? Que horas?
Após mostrar o convite da festa, quer dizer, as informações sobre a festa, já que não era uma festa comemorativa, e sim uma festa paga, 18 anos (eu tinha apenas 16), sem hora para acabar, ela disse que iria pensar. Passei a semana toda perguntando se ela deixaria, que meus amigos dependiam da minha resposta para saber se iam ou não, até que ela, após muito pensar, disse que eu poderia ir, mas me deu hora para chegar, pediu que eu ligasse ao chegar na festa e quando chegasse em casa. Tentei convencê-la a deixar eu ficar até mais tarde, mas ela permaneceu com suas "regras". A minha vontade de ir era tanta, que as aceitei.
Na semana seguinte, pedi para ir a outra festa.
-Outra minha filha? Não, não vou deixar não. Você não tem idade pra essas coisas... Já deixei semana passada. Não, nessa não.

E começou a dar aquele discurso que toda mãe dá, que irrita. Comecei a não ouvir mais o que ela estava dizendo, afinal, o discurso era sempre o mesmo, e eu já o sabia de trás pra frente. Berrei, chorei, implorei, mas ela continuou com sua decisão tomada. Dizia que era a mãe, que fazia isso pelo meu bem, porque me amava.
Eu não conseguia entender, dizia que ela não me dava liberdade, que não me deixava ser feliz. Sempre acabávamos brigadas. Nada muito duradouro, mas a minha raiva era grande. Porque ela não deixava eu ir em uma festa? É só uma festa... Eu estaria em casa na hora que ela quisesse, avisaria quando chegasse lá, avisaria quando chegasse em casa. Não tinha problema nenhum. Não conseguia entender.

Hoje, 25 anos depois, minha filha de 16 anos veio me pedir pra ir a uma festa dessas, e eu, finalmente entendi tudo que minha mãe fazia, todos os nãos que me dizia, e todo aquele discurso repetitivo. Ela foi, mas com hora pra voltar e me avisando quando chegasse lá, e em casa.

tarde demais


Era uma tarde de inverno, e a neve lá fora alcançava nossos joelhos. Por um lado era bom, não iria para a escola. por outro, tédio. Ficaria em casa, com frio, sem poder andar na rua. Deitei em minha cama, peguei um livro, e comecei a ler. Algo estranho me aconteçeu. Uma dor forte no coração quando eu li a palavra pai... Não entendi porque aquilo estava acontecendo. Eu já estava acostumada em não ter o meu pai ao meu lado todos os dias. Já estava acostumada em não ter ele nas reuniões de pais, nas apresentações, nas minhas festas. Porque será que naquele dia, ao ler aquela palavra, a dor que eu sentia era daquele tamanho? Já que estávamos sozinhos em casa, resolvi ir até seu escritório, e perguntar o porque daquilo tudo. Sempre tive vontade de fazer isso, mas o medo e a vergonha funcionavam como um freio. Ali, com aquela dor, deixaria esses sentimentos de lado. -Pai... -Entrei em seu escritório, meio tímida, porém, decidida a entender de uma vez por todas o que eu nunca havia entendido.
- Estou trabalhando filha. Podemos conversar depois? - disse ele, sem tirar os olhos da tela do computador.
Estava dando meia volta e indo embora, quando veio em minha mente a dor que eu senti ao ler aquela palavra. -Não, não pode. Você nunca tem tempo pra mim. Você nunca foi a uma festa minha de aviversário, nunca esteve presente em nenhuma reunião da minha escola, e o pior de tudo; nunca me deu um abraço que me passasse amor, carinho. Nunca sentou e jogou um jogo comigo. Nunca me leu uma história para dormir, ou fez chocolate quente para mim. Nunca foi meu pai. Porque você faz isso? Eu posso não ser a filha que você sempre sonhou, mas sou sua filha. Não acha que eu mereça carinho, atenção, amor? Ele estava indiferente. Achei que após tantos anos calada, essa atitude o surpreenderia, e ele pudesse me explicar, e até mesmo mudar. - Estou trabalhando filha, conversamos depois. Aquela palavras não passaram na minha garganta. Desliguei o computador dele, joguei o telefone no chão, e sentei em sua mesa, em frente a ele, olhando em seus olhos. -Depois pode ser tarde demais pai... Ou melhor, depois pode ser tarde demais, estranho.. Sai de seu escritório, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Subi para o meu quarto, peguei minhas coisas, e fui embora. Lá fora, o frio era imenso, a dificuldade de andar também. Mas nada era maior do que a dor que meu coração estava sentindo. Nada era maior que isso.

a melhor noite do ano


Todo início de ano eu imprimia um calendário, marcava o dia 25 de Dezembro, e a cada dia que passava, minha ansiedade era maior. Jantares, árvores, enfeites, presentes. Presentes. Vídeo game, celular, bicicleta, iPod, computador. Cada ano os presentes melhoravam. Cada ano que passava a família aumentava, e por isso ganhava mais presentes. Eu nem entendia o significado daquela festa, mas de que isso importava? Era, na minha opinião, a melhor noite do ano.
Conforme eu ia crescendo, começava a participar mais da festa, o que a tornava ainda melhor. Ajudava a enfeitar a casa, a preparar a ceia e me arrumava com mais capricho, com roupas novas, jóias caras e sapatos de luxo. Na véspera de natal, fazia biscoitos de creme com gotas de chocolate, acendia a lareira, pegava um copo de leite e ficava ali, até adormecer, aguardando o tão esperado dia.
Todo o significado daquela noite, mudou, quando eu tinha 18 anos.
Na véspera do Natal, eu fui colocar uma carta no correio, para meu namorado, que naquele ano passaria o Natal com os avós, na Inglaterra. No correio, vi uma pilha de cartas em um envelope, escrito "Lixo". Fiquei curiosa, peguei o envelope sem que ninguém percebesse, e fui para casa. Chegando em casa, sentei em minha cama, e começei a abrir e ler carta por carta. "Papai Noel, esse ano eu fiz tudo direitinho. Tirei boas notas, não briguei com meu irmão, e ensinei fração para ele. Queria, nesse Natal, ganhar um casaco, porque quando faz frio eu não tenho com o que me esquentar. Beijos de bicoito doce, Julia.", dizia a primeira carta, e quando fui ver, meus olhos estavam cheios de lágrimas. As outras cartas pediam cama, remédios, comida, tênis. Após ler todas as cartas, me senti uma completa idiota. Existia, em diversos lugares, crianças que aguardavam ansiosamente o Natal para que pudessem pedir ao Papai Noel algo que eu sempre tive, e nunca valorizei. O que partiu meu coração mais ainda, foi saber que elas nunca recebiam o presente que pediam, afinal, aquelas cartas, pelo menos naquele correio, iam parar no lixo.
Depois daquela noite toda véspera de Natal eu ia naquele correio, pegava essas cartas, e tentava dar àquelas crianças aquilo que elas estavam pedindo. Entregava-lhes pessoalmente, pois fazia questão de ver o brilho nos olhos delas, e aquele sorriso encantador em seus rostos.
É, o dia 25 de Dezembro continuou sendo a melhor noite do ano para mim, porém, de uma maneira diferente.