domingo, 24 de janeiro de 2010

canetas


Sempre tive uma paixão louca por canetas. Cada vez que uma falhava, era como se um amigo querido tivesse ido morar longe de mim. Uma dor, que nem eu sabia explicar. Tenho mais de mil delas em meus estojos. Adoro desenhar, e principalmente escrever com elas. Era conhecida por sempre mandar as cartas mais lindas e originais para as pessoas. Afinal, tinha prazer em fazê-las, já que as escrevia com minhas canetas.
Minha amiga ia se casar, e eu precisava de uma caneta prata para isso. Iria escrever o cartão mais lindo para ela, afinal, ela merecia. Eu era a madrinha do casamento, e estava cheia de coisas para organizar. Faltavam apenas dois meses para a data, e eu tinha que verificar flores, bolo, doces, dj e vestidos. Com medo que não desse tempo de comprar a caneta, fui numa papelaria próxima a minha casa e comprei um estojo de vinte e quatro canetas, que me deixou maravilhada. Tinha uma prata, na ponta do estojo, com um brilho desigual. Pronto! Na data, já teria a caneta, e então poderia lhe escrever o cartão. Coloquei o estojo na minha gaveta, e ele ficou lá até a véspera do casamento. Durtante esses dois meses, não deixei ninguém encostar nessas canetas. Elas tinham que estar funcionando para o cartão da noiva.
Já havia resolvido tudo. O salão já estava sendo arrumado, o vestido da noiva já estava em sua casa, o bolo, era exatamente como ela havia sonhado. Estava tudo indo como o planejado. Faltava apenas um dia, e resolvi escrever, finalmente seu cartão.
-Ela me deixou trancada aqui durante dois meses! Que tipo de pessoa ela é? - disse a caneta prata para a dourada - Não vou funcionar, para ela ver o que é bom!
-Não faça isso! Ela esta sonhando com esse cartão... Escreva, e a faça feliz! - disse a caneta dourada.
Peguei o estojo, muito ansiosa. Parecia até que eu era a noiva e estava prestes a dizer o sim! Olhei para a prata, e a peguei. Abri sua tampa, já tinha todo o texto em minha mente. Quando ia escrever Julie, a caneta não funcionou. Fiquei muito triste, pois queria escrever com aquela caneta, que tinha um brilho que nenhuma das minhas outras canetas pratas tinha. Mas o que eu poderia fazer? Só me restava pegar um dos meus outros estojos, e escrever mesmo assim. Coloquei o outro estojo sobre a mesa, e peguei a caneta. Escrevi um cartão com um texto bastante inovado e o cartão estava pronto. Estava lindo, mas estava decepcionada pois tinha a certeza de que ficaria melhor com a outra caneta. Prendi o cartão no presente, e fui me deitar.
O casamento havia sido maravilhoso, todos estavam muito felizes e animados. Julie me agradeceu por tudo, mas principalmente pelo cartão, que ela disse ter sido o cartão mais bonito que ela já havia recebido. Fiquei satisfeita.
Algum tempo depois, minha sobrinha foi a minha casa, e pediu para usar aquele estojo, com aquela caneta prata que tinha aquele brilho incrível. Disse a ela que a prata não estava funcionando, mas ela pouco se importou. Estava fazendo um desenho lindo, com aquela caneta prata. Ela me mostrou o desenho, esperando pela minha aprovação, mas só o que eu pude fazer, foi sentar, e ficar de boca aberta. Sem reação.

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