sábado, 23 de janeiro de 2010

torta de limão


Uma vez viajei aos Estados Unidos, e comi um bolo com uma calda, que ficou na minha memória pra sempre. Faltava 9 meses para meu aniversário, mas eu estava decidida a usar aquela calda fascinante e deliciosa em meu bolo. Já que adoro cozinhar, eu mesma a colocaria entre um bolo de chocolate, e um de baunilha. Queria fazer o melhor bolo que todos já haviam comido em suas vidas, e com certeza aquela calda seria definitiva para que eu obtesse esse resultado. Entrei em dez supermercados e três padarias, mas foi só na quarta que encontrei a calda novamente. Olhei a validade, ansiando para que até meu aniversário a calda estivesse boa ainda. Consegui! A calda vencia em apenas um ano. Já estava sonhando com o meu bolo.
Cheguei em casa tão animada, que mesmo faltando tanto tempo para a festa, já estava procurando receitas e ingredientes.

Faltando um dia para a celebração, peguei os ovos, leite, fermeto, chocolate, e todos os outros ingredientes. Bati-os conforme a receita mandava, e os coloquei no forno. Já com os bolos prontos, só era preciso desenformá-los e colocar um sobre o outro, com a calda entre os dois. Deixe para fazer isso de manhã. Já era tarde e eu precisava acordar bem disposta. Deitei-me, mas mal conseguia dormi, de tanto que minha barriga roncava. Só conseguia pensar no bolo.
Na manhã do dia seguinte, do dia do meu aniversário, acordei com uma cesta de café maravilhosa, com pães, frutas, geléias, queijos, chocolates e bolos. Olhando para os bolos da cesta, me animei mais ainda para colocar a perfeição de calda na minha receita. Tomei meu café e pedi para que todos saissem da cozinha. Queria fazer com que o bolo fosse uma surpresa para todos. Queria que todos se deliciassem apenas na hora da festa. Queria que todos amassem o bolo com a calda; a tal calda com a qual eu havia sonhado durante todos esses nove meses.
Finalmente chegou a hora de eu colocá-la sobre o bolo. Abri a tampa, e quando fui derramá-la, ela havia endurecido, estragado. Olhei novamente a validade, a qual dizia durar por ainda mais 5 meses. Sentei-me no chão, revoltada. Fui traída e não havia nada que eu pudesse fazer, afinal, a loja era no exterior. Não tinha reação. Desabei em lágrimas. Agora o meu bolo não seria lembrado por ninguém, pois seria um bolo comum, como o que tinha em todas as festas que meus convidados frequentavam. Eu havia sido abandonada. Era assim que eu me sentia. A coisa pela qual ansiei durante nove meses, não ia poder acontecer. Parei de chorar após alguns minutos. "Não vou ficar me lamentando por isso. Não vão lembrar do meu bolo, mas farei uma torta de limão, a qual todos dizem ser imbatível" - pensei. Não sei de onde veio essa força, de levantar, e fazer a melhor torta de limão que eu mesma já havia experimentado.
A única coisa que sei, foi que consegui me erguer, e fazer não o meu bolo, mas a torta do meu aniversário, ficar na memória de todos que puderam provar um mínimo pedaço daquele doce maravilhoso.

Hoje tenho uma padaria que vende pães, doces, bolos e tortas. O doce mais pedido é a minha torta de limão. A mesma que eu havia feito há alguns anos atrás, no meu aniversário.

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