domingo, 13 de junho de 2010

Inconveniência


Quando colecionamos alguma coisa, todos os integrantes da nossa coleção são importantes, mas sempre temos um favorito, que pode ser o primeiro, aquele que nos deu a ideia de começar nossa coleção, ou ir mudando, conforme vamos comprando ou ganhando.
Eu tenho uma amiga que coleciona anéis. O favorito dela, por enquanto, é o primeiro, que ela ganhou de seu melhor amigo, quando tinha 10 anos. Hoje ela tem 17. A dúvida dela foi sempre se usava ou não anéis, porque apesar de ser sua jóia favorita, ela tem medo de perder, quebrar ou entortar. E como somos melhores amigas, ela sempre me pergunta: " uso ou não?". E sempre fico parada, sem saber que resposta lhe dar, pois ela ama cada um daqueles anéis, da mesma maneira que amo meus pais e meus irmãos e com a minha resposta, eu estaria ssumindo uma grande responsabilidade, sem saber o que podia ou não acontecer. Então eu prefiro não dar uma resposta.
A situação que vou contar deixa ela triste até hoje, então espero que ela nunca leia esse texto.
No ano passado, no dia 20 de Dezembro tínhamos uma festa, de uma grande amiga nossa. Passamos o dia juntas, nos divertimos, e à noite começamos à nos produzir. Roupa nova, maquiagem, e jóias. Pela primeira ela pegou o anel favorito dela, colocou nos dedos, e disse que estava pronta pra ir. Olhei para sua mão. Ela confirmou com a cabeça e então fomos para a festa.
A festa estava super animada, amigos, música, dança e bebida. Bebemos um pouco, dançamos e nos divertimos muito. Na manhã do dia seguinte, acordei com ela chorando, procurando desesperadamente seu anel. Ela estava inconformada, pois havia perdido seu anel favorito, na única vez que resolveu usá-lo. Reviramos a casa toda, ligamos para a casa de festa em que a festa havia sido realizada, ligamos para uns amigos, mas ninguém havia o encontrado. Ela ficou arrasada, e ofereci-me para ficar com ela nessa noite. Chamamos mais uma amiga bem proxima nossa, para que assim pudessemos ter uma noite divertida (dentro do possível). O nosso erro foi esse. A menina tocou nesse assunto a noite toda. Eu, por conhecer minha melhor amiga melhor que ninguém, percebia o quanto ela ficava mal, e tentava mudar o rumo do assunto. Assim fomos levando a noite.
Os dias foram passando, e ela continuou sua coleção, mas percebi que ela permanecia muito triste ainda, mesmo já tendo passado um bom tempo. Eu entendia o porque. A menina falava sempre desse assunto. Falava dos anéis que seu namorado lhe dava, que recebia de sua mãe e de seus amigos. Chegou um ponto em que eu tinha que tomar alguma atitude, nem eu estava conseguindo acreditar no tamanho daquela inconveniência. Todos daquela escola sabiam o quanto cada anelzinho era importante para ela. Fui conversar com a inconveniente. Ela se controlou um pouco, falou menos sobre o assunto, e assim minha melhor amiga foi se recuperando. Nunca parou sem por cento, e por isso fomos nos afastando dela.
Hoje, ainda com a cicatriz, ela tem uma coleção maravilhosa, porém não manteve a amizade com aquela menina.

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