segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ansiedade


Finalmente eu ia fazer os meus tão sonhados dezoito anos. Estava contando os dias para que meu aniversário chegasse. Presentes, festa, comemorações. Todo ano meus pais acordavam-me cantando parabéns e carregando ou uma cesta de café-da-manhã, ou um bolo escrito parabéns. Depois de acordar assim, almoçava com a família e jantava com os amigos. Ou ao contrário. Não importava. O que importava era ter as pessoas que amo perto de mim no dia mais especial do ano. O de dezoito seria mais especial ainda, afinal, todos dizem que é a melhor idade. Mas nesse ano foi diferente.
Acordei e desci para o quarto dos meus pais. Eles não estavam em casa. Nem eles, nem meus irmão. Imaginei que eles haviam saido para comprar um bolo, mas depois três horas de espera, sentada sozinha na cozinha, eles chegaram. Sem nada nas mãos.

-Ah, filha, fomos até a casa da sua avó. Você estava dormindo, preferi não acordá-la. Bom dia!
Foi só isso que minha mãe disse. Meus irmãos e meus pais também passaram direto por mim. Não podia ser. Eles estavam agindo como se aquele dia fosse um dia qualquer, e não era.
Subi e me tranquei no quarto. Não queria ver ninguém. Não havia recebido nenhuma ligação. Nem da minha família, nem dos meus amigos. Como as pessoas que eu mais amava haviam esquecido dessa data tão especial, pelo menos para mim?
Resolvi não ficar trancada em casa. Não no dia do meu aniversário. Segui até a minha lanchonete favorita, e pedi um chocolate quente com chantilly.

-Por favor, a senhora poderia colocar uma vela sobre isso? - perguntei à garçonete. Ela colocou, e trouxe novamente a minha mesa. Cantei parabéns baixinho. Estava com vergonha. Triste. Desapontada. Apaguei as velas e pedi apenas uma coisa. Que isso tudo aquilo fosse um pesadelo. Mas meu pedido não se realizou. Cheguei em casa, e estavam todos realizando suas tarefas. Meus irmãos estudando, mamãe fazendo o almoço e papai mandava uns emails. Subi para o quarto e dormi. Não queria ver ninguém. Queria que aquele dia passasse logo. O dia que eu aguardei durante tanto tempo acabou sendo o pior dia da minha vida.

No dia seguinte acordei com todos eles ao meu redor. Uma cesta de café igual eu nunca tinha visto antes. Um bolo enorme e lindo. Balões e presentes. Eu não estava entendendo nada. O meu aniversário já tinha passado. Hoje já era dia 17 de fevereiro, e não 16. Recebi tudo aquilo com alegria, porém estava muito confusa. Pedi, depois dos parabéns, que me deixassem sozinha por um segundo. Corri até o calendário, para ver se eu estava pirando.
É, acho que a minha ansiedade era tanta que eu acabei marcando o meu próprio aniversário no dia errado. Era, de fato dia 16 de fevereiro. Naquele dia sim eu completava os meus dezoito anos.

Um comentário:

  1. Meus pais também sempre me acordaram no dia do meu aniversário com o bolo,até hoje!Gosto do seu blog,estou seguindo!

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