domingo, 12 de dezembro de 2010

o amor realmente é cego


Sempre estive de olho naquela menina, que havia me encantado apenas com seu sorriso meigo e seus olhos brilhantes. Ela não era aquele tipo que gostava de chamar a atenção, e acho que isso só fez aumentar o que eu sentia por ela. O sentimento era uma mistura de desejo, amor, paixão. Era algo que a cada dia que passava mais aumentava, mas tinha que guardá-lo para mim. A minha vontade era de berrar para todo o mundo, berrar para ela, mas como, se a gente nem se falava? Como, se nem meu nome ela sabia?
Início de ano, tive a melhor notícia que poderia ter tido no primeiro dia de aula. Seria da turma dela. Ao longo do ano começou a surgir uma amizade entre nós, e algo forte foi se formando. Meu medo é que ela me visse apenas como um amigo para sempre, mas mais próximo dela, seria mais fácil tentar algo. O ano foi passando, e resolvi que não podia mais esperar. No dia dos namorado, fui até a sua casa com um buquê de rosas amarelas, suas favoritas, uma caixa de bombom com recheio de avelã, seus prediletos, e com uma música que eu havia escrito. Tudo que ela sempre me dizia que tinha o sonho de receber. Tudo que ela dizia que a faria ficar encantada por alguém, caso este lhe fizesse o que eu estava indo fazer. Toquei a campainha, e ela abriu a porta. Cantei a música, lhe entreguei os presentes e fiz a famosa pergunta: "quer namorar comigo?". Ela ficou ali, parada, sem reação, sem me dar uma resposta. Já estava virando as costas, quando ela me beijou. Que beijo. Que sensação. Que felicidade. Eu era o homem mais feliz do mundo.
Ficamos juntos um pouco, mas tive que ir embora. Mal conseguia manter os pés nos pedais da bicicleta, tamanha era a minha felicidade.
Infelizmente, aquela teoria de que o amor é cego estava certa. O meu coração batia tanto, o meu sorriso era tão grande, meus olhos brilhavam como estrelas, e eu não percebi que o sinal estava vermelho. Eu estava cego, e não vi aquele carro vindo em minha direção.
Hoje estou aqui, deitado nessa cama de hospital, rezando todos os dias para que eu consiga sair bem dessa, e que então, finalmente consiga viver a história de amor com a qual eu sempre sonhei. O que me dá forças para continuar a viver é acordar todos os dias nessa cama, abrir os olhos e ver o rosto do meu amor, que não saiu do meu lado por nenhum minuto.
(47ª edição visual - Projeto Bloínquês - 4o lugar - nota:9,5)

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