domingo, 12 de dezembro de 2010

conforme o prometido


Eu e minha irmã sempre fomos muito unidas. Sempre fomos muito próximas, já que temos o mesmo grupo de amigos, os mesmos programas, estudamos na mesma escola. Minha irmã é a pessoa em quem eu mais confio e a pessoa que mais amo nesse mundo. Quando acontece alguma coisa comigo, ela é a primeira que eu tenho vontade de dizer. Aliás, ela é quem eu mais desejo que esteja ao meu lado em todos os momentos.
Por sermos gêmeas, gostamos de fazer aqueles tipos de brincadeiras que só nós, gêmeos, podemos fazer. Já fiz prova pra ela, quando ela não sabia nada da matéria. Ela já levou advertência em meu lugar, quando eu levaria uma suspensão e meses de castigo se ela não tivesse feito isso por mim. Enfim, sempre que aparece uma oportunidade, nós gostamos de ajudar uma a outra, ou apenas fazemos para brincar. A única coisa que ainda não havíamos feito foi enganar o namorado da outra, afinal, nunca namoramos até alguns meses atrás.
Em Maio desse ano, minha irmã começou a namorar, e nossos amigos sempre insistiram muito para que a gente tentasse enganar seu namorado. Eu nunca fui muito à favor, mas certo dia ela resolveu topar e eu entrei na brincadeira também. Passamos uma tarde super romântica juntos, e claro, dando muitos beijos e carinho um ao outro. No dia seguinte contamos tudo a ele, e a minha irmã e ele riram demais. Ele, em nenhum momento desconfiou de nada. Todos adoraram, riram, se divertiram, menos eu. Para mim, aquilo foi além de uma simples brincadeira. Eu havia me apaixonado. Por mais que tivesse sido rápido demais, eu não tinha culpa porque a gente nunca sabe de quem vai gostar. Eu me vi no fundo do poço, afinal, a minha melhor amiga, aquela que eu queria ir correndo e explicar a situação, chorar em seus ombros, pedir um abraço, era a minha própria irmã. Eu estava perdida.
Depois de dois meses guardando a dor só pra mim, eu não suportei mais. Aluguei um quarto num bairro pobre, afinal era o único lugar que conseguia pagar com a minha mesada. Antes de sair de casa escrevi-lhe uma carta, explicando o porque de eu ter saido de casa assim, de repente e escondido de todo mundo e pedi que ela não contasse a ninguém onde eu estava, e a deixei em cima de sua cama.
Na manhã seguinte, no quarto alugado, acordei com a campainha tocando. Era ela. "Terminei com ele", ela disse. Eu insisti que ela fosse corrigir aquele terrível erro que havia cometido. Insisti que fosse atrás dele, afinal, ela o amava. "Eu não amo ninguém mais do que eu amo você. Agora vamos ficar aqui juntas, chorando por ele. Tristes, mas juntas, conforme eu te prometi que estaremos para sempre", disse ela em lágrimas. Eu não tinha nem palavras para dizer. Nos abraçamos e passamos o resto do dia ali, chorando, mas juntas.
(47ª edição musical - projeto bloínquês - 2º lugar - nota:9,9)

2 comentários:

  1. Gostei muito dos teus textos,estou seguindo *-*

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  2. Amei o texto, amor de irmã é o sentimento mais nobre que tem.
    Também estou participando:
    http://cantinhodoescritoreleitor.blogspot.com/2010/12/conversa-de-diario.html

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