quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

no futuro


-Mãe, posso ir numa festa amanhã?
-Com quem minha filha? Onde? Que horas?
Após mostrar o convite da festa, quer dizer, as informações sobre a festa, já que não era uma festa comemorativa, e sim uma festa paga, 18 anos (eu tinha apenas 16), sem hora para acabar, ela disse que iria pensar. Passei a semana toda perguntando se ela deixaria, que meus amigos dependiam da minha resposta para saber se iam ou não, até que ela, após muito pensar, disse que eu poderia ir, mas me deu hora para chegar, pediu que eu ligasse ao chegar na festa e quando chegasse em casa. Tentei convencê-la a deixar eu ficar até mais tarde, mas ela permaneceu com suas "regras". A minha vontade de ir era tanta, que as aceitei.
Na semana seguinte, pedi para ir a outra festa.
-Outra minha filha? Não, não vou deixar não. Você não tem idade pra essas coisas... Já deixei semana passada. Não, nessa não.

E começou a dar aquele discurso que toda mãe dá, que irrita. Comecei a não ouvir mais o que ela estava dizendo, afinal, o discurso era sempre o mesmo, e eu já o sabia de trás pra frente. Berrei, chorei, implorei, mas ela continuou com sua decisão tomada. Dizia que era a mãe, que fazia isso pelo meu bem, porque me amava.
Eu não conseguia entender, dizia que ela não me dava liberdade, que não me deixava ser feliz. Sempre acabávamos brigadas. Nada muito duradouro, mas a minha raiva era grande. Porque ela não deixava eu ir em uma festa? É só uma festa... Eu estaria em casa na hora que ela quisesse, avisaria quando chegasse lá, avisaria quando chegasse em casa. Não tinha problema nenhum. Não conseguia entender.

Hoje, 25 anos depois, minha filha de 16 anos veio me pedir pra ir a uma festa dessas, e eu, finalmente entendi tudo que minha mãe fazia, todos os nãos que me dizia, e todo aquele discurso repetitivo. Ela foi, mas com hora pra voltar e me avisando quando chegasse lá, e em casa.

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